Nelson Xavier posa para foto em pré-estreia de ''Chico Xavier'' em Paulínia
Ali, no saguão no mesmo Theatro de Paulínia, onde havia sido consagrado na pré-estreia de “Chico Xavier”, no último dia 23, o ator Nelson Xavier diz que já não se irrita mais quando as pessoas o confundem com o mais famoso médium brasileiro, como acontecia muito antigamente. “Quando me chamavam de Chico Xavier, eu dizia: ‘Chico é a mãe’. Agora, nem tenho como ficar bravo. Muita coisa aconteceu desde aquela época”, comenta o ator de 69 anos, que ostenta em seu currículo obras como “Os Fuzis” (64), de Ruy Guerra, “A Falecida” (1965), de Leon Hirzman, e “A Rainha Diaba” (1974), de Antonio Carlos da Fontoura.
Aliás, Nelson teve uma experiência tão boa fazendo o médium que aceitou viver pela segunda vez o personagem em “As Mães de Chico”, de Glauber Filho, Joel Pimentel (diretores do drama espírita “Bezerra de Menezes”) e Halder Gomes. “Eu relutei bastante de início, não queria repetir o papel, correr o risco de ficar rotulado. Mas, como não seria o protagonista, é apenas uma participação, e mostra uma fase mais avançada na vida do Chico, acabei aceitando”. Este filme é sobre três mulheres que recebem cartas psicografadas de seus filhos. O ator deverá rodar sua participação em maio.
Nelson contou que ao interpretar Chico Xavier, no filme de Daniel Filho, teve uma experiência bastante particular em sua carreira de mais de 50 anos. “Quando fiz Lampião [“Lampião e Maria Bonita”, 1982] tive uma experiência parecida. Ao colocar a roupa e nas cenas de umbanda, me senti como um ‘cavalo’ [como são conhecidos os médiuns na umbanda]. Foi um processo diferente, mas também foi uma invasão”.
Agora Nelson está curioso para ver como esse trabalho afetará a forma como vai encarar novos personagens. “Eu não sei dizer como interpretar Chico Xavier pode ter me transformado enquanto ator”. Fora das telas e dos palcos, o intérprete já sabe que a figura de Chico Xavier mudou a sua vida. “Ele me ensinou que devemos ter uma vida espiritualizada também. Eu nunca pensava no que podia haver depois da morte. Mas agora vi que a vida espiritual deve ser mais fortalecida em nosso cotidiano”.
Antes mesmo de ser escalado como o médium, muita gente já dava como certo o nome do ator para o papel. “As expectativas em cima de mim são muito grandes. Fiz o meu trabalho, não sei qual vai ser a reação do público”. Na tela, Nelson vive Chico Xavier de 1969 a 1975. A maior parte das cenas se passam durante o programa de televisão “Pinga-Fogo”, da TV Tupi, no qual o médium participou de um debate que colocou sua mediunidade à prova.
Para se preparar para o trabalho em “Chico Xavier”, o ator conta que assistiu ao programa, que foi lançado no Brasil em DVD, mas não quis copiar os gestos do médium, que são bem conhecidos, além de ter visitado as cidades mineiras de Pedro Leopoldo, onde o médium nasceu, e Uberaba, onde passou maior parte de sua vida.
“Chico Xavier”, chega aos cinemas do país no próximo dia dois, data em que o médium completaria 100 anos. Nele, Nelson divide o papel com outros dois atores, Ângelo Antonio – que faz o médium de 1931 a 1959 – e o estreante Matheus Costa, seu intérprete na infância. O trio teve de trabalhar junto para compor o personagem. “Fizemos muitos ensaios juntos, nos buscamos como intérpretes para podermos fazer uma pessoa só”.
Fonte: Bol
